quinta-feira, 9 de setembro de 2010

comigo ninguém pode


quando somos infantes ingênuos temos a sensação de que o risco não existe. as guerras nos noticiários parecem algo tão distante quanto os anéis de júpiter. ficar velho é tão abstrato quanto compreender as fórmulas de química no colégio.

quem foi a criança que não olhou com fixação o enorme abismo através de uma janela e não pensou em pular? ou melhor dizendo, em voar. a crença de que podemos arriscar e sair intactos de qualquer situação é gigantesca, e até mesmo libertadora.

com o tempo, os joelhos ralados criam mais do que cicatrizes, passam a existir esferas de ferro amarradas aos nossos pés. a aparição dos choros com soluço ou das gargalhadas de doer a barriga passam a ser esporádicas, quando não desaparecem de vez. o medo de bicho-papão se tranforma em medo de chefe cuzão.

seria bom se todos conseguissemos manter uma coisinha trancafiada a sete chaves, uma única atitude infanto-juvenil: a ousadia. a pior coisa é envelhecer arrastando a tal esfera ou aturando o bicho-cuzão.

2 comentários:

  1. O tempo passa e acabamos perdendo ou desaprendendo certas características da nossa infância... Mas ainda bem que a vida é cíclica, então sempre temos a chance de resgatar alguns desses aspectos, como a própria ousadia.
    Até porque, essencialmente, nunca deixamos de ser crianças. As responsabilidades surgem, tal como a necessidade de endurecer diante das dificuldades que a vida vai arremessando na nossa direção. O tempo fica escasso. Mas continuamos tendo medo, vontade de chorar, de rir descontroladamente, de fazer piada das coisas mais simples, de fantasiar, de sair correndo simplesmente por sair correndo... Que bom! Porque manter essa criança viva é o que dá ao adulto a capacidade de lutar pela própria felicidade.

    Não há chefe cuzão que consiga impedir, até porque ele é apenas uma versão atualizada do bicho-papão. =)

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  2. Se estamos construindo, a cada dia o risco aumenta, mas se nós permitirmos aprendermos a cada dia e nos reformarmos constantemente, aprenderemos a arricar cada vez mais e com menos medo.

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